Como os drones estão mudando a guerra moderna: do front da Ucrânia às novas ameaças geopolíticas

Drones revolucionam a guerra moderna: táticas, riscos e o futuro dos UAVs

O uso de drones em conflitos militares tem se intensificado rapidamente, com impacto estratégico significativo em países como Ucrânia, Israel, Rússia, Irã, Taiwan e outros. Esses veículos aéreos não tripulados estão redefinindo a guerra moderna, oferecendo alta precisão, baixo custo e facilidade de operação.

Drones táticos redefinem o campo de batalha

Na guerra entre Rússia e Ucrânia, por exemplo, o uso de drones mudou completamente as estratégias militares. Em operações recentes, forças russas lançaram em uma única madrugada mais de 350 drones e mísseis contra Kiev, com a maior parte sendo interceptada pelas defesas ucranianas . Do lado ucraniano, drones leves FPV (First-Person View), inclusive fabricados por empresas como Baykar (Bayraktar TB2 e Akıncı), têm sido usados para atacar tanques, sistemas de defesa aérea, artilharia e até bases aéreas .

Operações como a “Spider Web” envolveram centenas de drones de baixo custo lançados de dentro da Rússia para atingir bombardeiros estratégicos do governo de Putin, reduzindo a capacidade russa de manter sua força aérea. Esse tipo de ataque mostrou ao mundo que até aeronaves avançadas estão vulneráveis aos UAVs baratos e bem coordenados.

Novas tecnologias e sistemas autônomos

O avanço na autonomia de drones também chama atenção. Israel e as potências ocidentais estão explorando sistemas que utilizam câmeras, sensores e IA para operar sem intervenção humana direta. O “Avengers”, um drone IA da Ucrânia, é um desses exemplos, capaz de navegar por áreas contestadas. Além disso, Taiwan vem investindo em uma indústria nacional de drones, visando produzir 180 mil unidades por ano até 2028, aprendendo com as estratégias usadas na guerra.

Outro avanço preocupante são os drones com controle por fibra óptica, imunes a interferência eletrônica e difíceis de detectar , e os “dragon drones”, que utilizam termita para causar incêndios em alvos críticos. No teatro de guerra, esses UAVs têm sido usados para destruir tanques, indústrias hostis e inauguram nova era de armas incendiárias de alta precisão.

Drones kamikaze e guerra psicológica

Os drones tipo “kamikaze” — como o americano Switchblade — também desempenham papel relevante. Usados pela Ucrânia, eles podem decolar e se autodestruir sobre alvos críticos, como tanques e sistemas de defesa aérea . O impacto psicológico também é imenso: exibições no videoclipe em zonas como Sudão mostram drones noturnos com câmeras térmicas durante ataques — o que amplia o efeito de terror nas tropas .

Geopolítica e cadeias de suprimentos de drones

O conflito entre Israel e Irã e a guerra na Ucrânia refletem em uma extensa rede global de produção e uso de UAVs. Rússia depende de drones iranianos Shahed, mas o apoio ao Irã pode ser afetado pelo conflito no Oriente Médio . Já Taiwan, assustado com a difusão chinesa de UAVs, acelera sua produção doméstica .

Segurança cibernética e vulnerabilidade eletrônica

Com maior uso de drones civis e militares, cresce a ameaça de ciberataques contra UAVs. Pesquisas destacam que até um Raspberry Pi pode ser usado para hackear drones através de ataques “man-in-the-middle” ou desfazer autenticação . Esses riscos são alarmantes, pois comprometer um drone durante operações críticas pode resultar em falhas e acidentes graves.

O que muda no cenário global

  1. Barateamento da guerra aérea: drones podem ser produzidos em séries com baixo custo unitário, mas com grande impacto .
  2. Reavaliação do investimento militar: sistemas caros como caças podem perder relevância frente aos UAVs inteligentes .
  3. Defesa integrada: países precisam melhorar defesas eletrônicas e cibersegurança para proteger drones e sistemas antiaéreos.
  4. Normas e tratados: o uso de drones incendiários e autônomos força discussões sobre regulamentação ética e legal internacional .

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